4.ª Companhia de Caçadores
Especiais - 4 CCE Angola, 1960-1962 "A Baixa de Cassanje: algodão e revolta" por Aida Freudenthal |
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Trata-se
de um trabalho de investigação histórica e que combina diferentes fontes e
interpretações e que, naturalmente, não é, nem pretende ser, um reflexo
da 4CCE ou da total interpretação da História a ela afecta. Recomenda-se, vivamente, a leitura complementar dos textos em "Operação Cassange" |
Uma investigação pelo IICT "A Baixa de Cassanje: algodão e revolta" é um trabalho de investigação de Aida Freudenthal no âmbito das acções desenvolvidas pela mesma em torno do estudo da História de Angola dos século XIX a XX (com especial enfoque no domínio social e agrícola). A autora assina este trabalho na sua qualidade de investigadora do Centro de Estudos Africanos e Asiáticos (CEAA) do Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT) com sede em Lisboa. Esta investigação histórica foi publicada na Revista Internacional de Estudos Africanos n.os 18 -22, 1995-1999, páginas 245-283 com a anotação expressa em nota de pé-de-página de: " (...) Texto da comunicação apresentada ao V Congresso Luso-Afro-Brasileiro realizado em Maputo de 1-5 de Setembro de 1998, com algumas alterações, segundo as críticas e sugestões feitas por Joseph Miller, Ana Paula Tavares, Marcelo Bittencourt, Conceição Neto e Christine Messiant a quem agradeço. A investigação do tema prossegue no sentido de aprofundar e esclarecer algumas questões aqui enunciadas. (...)" A 4CCE colaborou com a autora, através do seu Cmdte. Luis Teixeira de Morais, com a cedência de documentos e testemunhos vários, e tem, assim, disponível uma digitalização integral da publicação, a partir de um exemplar fotocopiado e encadernado, com a indicação manuscrita de "Com os cumprimentos da autora", num total de 39 páginas, incluíndo 2 fotos e 2 mapas, formato PDF, aprox. 20 MB >> . A presente reprodução deste documento de investigação é realizada com o objectivo exclusivo de apresentação histórica - sem qualquer objectivo lucrativo directo ou indirecto. Direitos originais da autora (c) Aida Freudenthal / CEAA / IICT. Destaque de alguns excertos
Transcrição integral do Anexo ao Relatório de Operações n.º 14 "(...) BATALHÃO EVENTUAL 4.ª COMPANHIA DE CAÇADORES ESPECIAIS Anexo ao Relatório de Operações n.º 14 Auto de queixa Aos vinte e cinco dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e sessenta e um, nesta povoação de Milando, foram presentes perante mim, Luis Artur Carvalho Teixeira de Morais, capitão de Infantaria, comandante da quarta Companhia de Caçadores Especiais, os sobas desta região TACA, QUIVOTA, MILANDO, QUIBUNDA,com os seus sobetas, que me apresentaram as seguintes queixas, por intermédio de três intérpretes, que vão servir de testemunhas igualmente: senhor António José Nunes Frade, guia e intérprete da Companhia, e os indígenas José Jacob do Milando e Pedro Francisco do soba Camba: 1.º) Que há cerca de quatro anos apareceu aqui na povoação um branco enviado pelo Governo que os interrogou perante os cipaios das razões de queixa contra a Cotonang e que lhes tinham contado a verdade e apresentado as suas queixas. Tempos depois e logo que esse branco se retirou, começaram as represálias pelos cipaios, tendo declarado o soba MILANDO velho, soba GANGAMUCHECA e soba VOTA, que tinham procurado ir a Malange, apresentar queixa ao senhor Governador. Como não o tivessem conseguido, andaram todo esse tempo escondidos no mato, só aparecendo hoje porque sabiam que o Exército estava aqui. 2.°) Que na altura das colheitas, os capatazes, no caso de encontrarem os campos atrasados ou sujos, batiam-lhes ou transformavam o castigo em multas. 3.°) Que na altura do mercado eram roubados no peso, pagando-lhes pouco e sendo-lhes exigido pelos cipaios, capitas e capatazes "saguates" que oscilavam por sessenta escudos. 4.°) Que os obrigavam a pagar multas de queimadas, licenças de uso de armas de fôgo e de sais e que cada casal tinha de pagar dez escudos por ano, de licença por uso de mulher, mas que só das duas primeiras lhes eram passados recibos. 5.°) Que quando alguém era prêso, tinha a pagar vinte e cinco escudos para entrar na cadeia, cento e cinquenta escudos para poder ir à retrete e sessenta escudos para não serem espancados pelos cipaios ou capitas, quando os escoltavam aos trabalhos. 6.°) Que o pessoal nomeado semanalmente para os trabalhos no posto tinha ainda a pagar dez escudos cada um e vinte e cinco tostões quando acabavam o trabalho. 7.°) Pedem a substituição do Chefe de Posto e do agente da Cotonang de quem não gostam e que não fôssemos embora, porque estavam com mêdo das represálias depois . 8.°) Declararam depois perante os seus povos que reuni, que os homens que vieram do Congo foram bem aceites por êles aqui, porque viram na sua doutrina uma esperança de justiça e de salvação, pondo termo à escravatura e à exploração a que estavam subordinados. O Comt. Comp., Os Intérpretes, Os Sobas declarantes, * Este documento contém assinaturas do Comandante e dos intérpretes e impressões digitais dos quatro sobas declarantes e foi-nos cedido pelo Major Luís A. Teixeira de Morais, a quem agradecemos. (...)" |
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