4.ª Companhia de Caçadores
Especiais - 4 CCE |
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Pedro Pereira Mateus
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Artigo in
Revista Porto v.2, n. 3 de 2013 Num artigo assinado por Anabela Silveira, doutorada em História pela Universidade do Porto e investigadora no Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, ISSN 2237-8510, “A Baixa de Cassange: o prenúncio da luta armada”, in Revista Porto, n. 03 de 2013, p.39 -57, é referida, nas passagens abaixo destacadas, a alegada utilização de “napalm” por parte da Força Aérea Portuguesa (FAP) no decurso da “Operação Cassange”, que teve lugar no Norte de Angola de 5 de Fevereiro a 19 Março de 1961. “(…) Se nos dias 4 e 5 de fevereiro [ de 1961] a repressão esteve entregue à 3a Companhia de Caçadores Especiais, a que prontamente se juntaria a 4a Companhia proveniente de Luanda, a partir do dia 6, as forças terrestres contavam com o apoio da Força Aérea que, utilizando bombas de napalm, descarregava não só sobre as sanzalas insurrectas como também sobre as populações em fuga. (…)” “(…) O impacto das duas Companhias de Caçadores Especiais e da Força Aérea foi enorme na Baixa de Cassange. Face à densidade florestal da região, a Força Aérea utilizou bombas de napalm lançadas a partir dos PV Harpon, que mais não eram do que aviões de luta anti-submarina adaptados a ataques a solo. Mário Moutinho de Pádua, de uma forma muito crua, descreve a repressão que teve lugar durante o mês de fevereiro. Sempre é verdade que, perto de Malange, na Baixa de Cassange, mataram grevistas, enterrando-os até ao pescoço e passando depois por cima com os tractores. Os mortos, por vezes acumulam-se nas aldeias em grandes quantidades [e] a Força Aérea inventa, infelizmente, expedientes para reunir os pretos. De uma vez espalhou panfletos nacionalistas ou forjados, pintou um avião com caracteres rebeldes e quando viu os homens juntos, lançou-lhes bombas de napalm da NATO. (…)”
A passagem final, citada pela autora, atribuída a Mário Moutinho de Pádua, é referenciada em nota de pé de página desse mesmo artigo, com o número 30, e corresponde a: “PÁDUA, Mário Moutinho de. Guerra em Angola: diário de um médico em campanha. São Paulo: Editora Brasiliense, 1963. p. 78-79.” Este autor, enquanto oficial do Exército Português (alferes miliciano), que viria a desertar para o Congo em Outubro de 1961, foi mobilizado, médico recém-formado em Coimbra, para prestar serviço militar em Angola, enquadrado nos efectivos do Batalhão de Caçadores n.º 88 [1] . Esta unidade recebeu, a 14 de Abril de 1961, ordem para embarcar de Lisboa para tal província ultramarina, a bordo do Niassa, paquete fretado pelo Ministério do Exército [2] à Companhia Nacional de Navegação. A partida deste navio teria lugar apenas a 22 de Abril de 1961, chegando à cidade de Luanda a 1 de Maio de 1961 [3]. Ou seja, o autor apenas chega a Angola mais de 1 mês depois (!) de já terminada a “Operação Cassange” a que se refere na passagem citada.
Fontes: [1] “No Percurso das Guerras Coloniais 1961-1969”, Mário Moutinho de Pádua, 2011, Edições Avante, ISBN: 9789725503966, pág.ª 15 [2] Portaria n.º 18298 de 4 de Março de 1961 [3] “A Cronologia da Guerra Colonial, Angola -
Guiné - Moçambique 1961-1974”, José Brandão, 2008, Prefácio, ISBN:
9789898022844 |
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